O mês de Novembro tratou de traçar momento histórico nunca visto antes pelos estudantes da Universidade
de São Paulo, fomos tomados de surpresa por ações incisivas e violentas da Polícia Militar, para a
partir de então, tomar movimento e denunciar as injustiças que perduram em nossa sociedade. Daí em diante
tornou-se fato, há um movimento estudantil que se ergue. Surge para questionar e exigir mudanças profundas
nas estruturas de poder. Partimos em busca do impossível, mas necessário, e os estudantes, portanto, passam a
exigir o rompimento do atraso e o fim dos absurdos que tomam nossa realidade.
Deve-se aqui traçar um breve histórico dos acontecimentos. A fins de outubro três estudantes foram
abordados pela Polícia Militar, acusados de fumar maconha no estacionamento da FFLCH. Outros estudantes
que estavam no local, de forma espontânea, partiram para rechaçar o que ali se passava. Reforços policiais
foram chamados e, com violência, os estudantes foram acuados. Depois de mais um evento de repressão policial,
os estudantes deicidiram por ocupar a administração da FFLCH. Após estes primeiros impulsos, surge um
fato desencadeado por uma Assembléia conflituosa: a ocupação da reitoria. Estudantes permanecem alguns
dias em ocupação até um dos mais lamentáveis atos de demonstração de poder ocorridos na história da USP. A
mando do Reitor João Grandido Rodas, a tropa de choque entra na Cidade Universitária e retira violentamente
os estudantes ali acampados. Um espetáculo midiático , um marco da violência e falta de dialogo. Foram designados para a ação um contingente evidente em suas desproporções. Dois helicópteros, 400 policiais, cavalaria e 50 veiculos. Os 72 estudantes que estavam na reitoria foram dali retirados para se- rem acusados no sistema penal. Permaneceram o dia todo em um ônibus no estacionamento do 91º DP e somente obtiveram liberdade após pagamento de Fiança. O que não marcou a retração dos estudantes, mas sim expectativas de avançar, agora em massa. Foi o momento da Assembléia histórica ocorrida na FFLCH, todas e todos, juntos, decidiram por entrar greve. A greve geral se expandiu por diversos cursos. O próximo passo foi um ato com mais de 5 mil pessoas no centro, culminando em outra Assembléia Geral, desta vez, ocorrida no Salão Nobre da Faculdade de Direito. A ultima Assembléia ocorreu na FAU, na ultima quinta-feira. Assembléias cada vez maiores e com mais adesões, com mais força e mais esperança de vitórias.
A Faculdade de Direito, que partilha do mesmo universo no qual está inserido o movimento, decidiu
em Assembléia Geral que a questão da greve seria votada em urnas no pátio, nos dias 20 e 21 desse mês. Mas,
na mesma Assemblía, os estudantes da São Francisco votaram por declarar apoio à Greve e aos cinco eixos que
compõem as reivindicações do movimento. São os cinco eixos:
1- Retirada de todos os processos movidos contra estudantes por motivos políticos.
2- Fora PM! Pelo fim do convênio da USP com a Secretaria de Segurança Pública.
3- Liberdade aos presos e nenhuma punição administrativa ou criminal.
4- Fora Rodas.
5- Outro projeto de segurança na USP.
Após a Assembléia da Faculdade de Direito foi inserido mais um eixo, que é: “Por uma estatuinte soberana
já”.
Entendemos que a história se traça no presente e que os estudantes mobilizados pedem mudanças. Para
superar as sempre velhas injustiças, para se pronunciar frente aos absurdos e ao inaceitável. A luta agora aponta
para a USP e sua antidemocrática estrutura de poder, mas entendemos que a luta é maior e mais com- plexa.
A luta dos estudantes veio de problemas da nossa Universidade, mas não tão somente nossos, estes vão muito
mais além dos muros da Cidade Universitária. Trata-se da luta contra uma Polícia Militar que carrega índices
inaceitáveis de violência, uma Polícia que carrega um alto número de homicídios executados em serviço, que
criminaliza a pobreza, movimentos sociais e, agora, o movimento estudantil. Uma Polícia que não está sob
controle da sociedade civil, militarizada e protegida por jurisdições especiais, que encontra garantias nos tribunais
militares. Os estudantes se posicionam contra uma Polícia presente no campus para afastar mais ainda a
Universidade da população.
A luta é pela construção de uma universidade pública, popular e democrática. A bandeira ''Fora Rodas!''
marca a luta. Sabemos que a bandeira não trata somente da figura do reitor, pois estes vem e vão, mas
sim, de toda uma estrutura de poder, que restringe a escolha de novos reitores a menos de 1% de professores,
funcionários e estudantes, que elgem uma lista com três nomes, e como se já não fosse tão antidemocrática essa
escolha, cabe ao Governador do Estado a decisão final. Deve-se retirar do Governador do Estado a competência
de decidir quem virá a ser o reitor da Universidade. Que sejam os professores, funcionários e estudantes
quem decidam em nome da USP.
Por isso, nós, estudantes do Largo de São Francisco, declaramos todo apoio à greve, e seus respectivos
eixos políticos, dos estudantes e reivindicamos abertamente mudanças nas estruturas de poder da Universidade.
Para que as idéias possam ser livres, para que a produção acadêmica pense os problemas da realidade,
para que superemos os erros do passado em direção à uma sociedade mais justa e mais igual.
Por fim, nós, delegados representantes da Faculdade de Direito no Comando de Greve, convidamos
todos e todas para o Ato que acontecerá na terça-feira, dia 22, no Páteo das Arcadas.
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