segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

PELO DIREITO À GREVE ESTUDANTIL! Carta dos estudantes da Universidade de São Paulo


Nós, estudantes de graduação e pós-graduação da USP, exigimos que o direito de greve seja, de fato, respeitado pelos professores, chefes de departamento e Comissões de Graduação e Pós-Graduação da maior universidade do país.

Se cada um dos cursos atualmente paralisados encerrar o semestre letivo, conforme estabelecido no calendário oficial, isto significará um desrespeito ao direito de greve estudantil. Afirmamos, sem meias palavras: a pressão pelo encerramento do semestre em nada difere da pressão via corte de salários durante as greves de trabalhadores.

Nas últimas semanas, duas alternativas foram sugeridas aos estudantes que, seguindo as deliberações das assembleias, têm deixado de comparecer às aulas, às entregas de trabalhos e às realizações de provas:

1.     Uma segunda chance de cumprir as disciplinas através do período de recuperação;
2.     Passagem direta, sem a necessidade de provas ou trabalhos, através de uma nota comum a todos os estudantes daquela disciplina.

Não entendemos como os professores da dita “melhor universidade do país” sugerem e aceitam tal tipo de negociação, que atesta que o conteúdo ministrado nas salas de aulas da USP é IRRELEVANTE até mesmo para eles próprios, os responsáveis pelo programa e cronograma das disciplinas de cada um dos cursos da universidade.

Não iniciamos esta greve para passar nas disciplinas sem ter que ir às aulas e entregar os trabalhos acadêmicos. Iniciamos esta greve para o atendimento das nossas reivindicações. Por isso, exigimos:

1.     Que os professores dos cursos em greve não entreguem as notas das disciplinas deste semestre;
2.     Que ao final da greve estudantil seja estabelecido um calendário UNIFICADO de REPOSIÇÃO DAS AULAS nos cursos em greve, com novas datas para as provas e entregas de trabalhos finais.

Isto não é impossível. Em 2004, na própria USP, o calendário oficial foi adiado para que a greve iniciada naquele ano fosse garantida. Não são os Sistemas Júpiter e Janus que controlam estudantes e professores, mas sim o contrário.

Caros professores da Universidade de São Paulo, queremos sim repor as aulas perdidas, mas apenas após o término da nossa greve, que é legítima e histórica. Como escrito na lousa de um dos estúdios da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, “seus alunos estão presos por lutar por aquilo que vocês dizem”.


Comando geral de greve dos estudantes da USP

São Paulo, 02 de dezembro de 2011

Um comentário:

  1. Quando os trabalhadores entram em greve causam impacto por pararem a produção - por prejudicarem aqueles que detém o poder de atender suas demandas.
    Quando os estudantes entram em greve não causam impacto nenhum, pois só atrapalham os próprios estudantes

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